quinta-feira, 19 de março de 2015

Consulta pública sobre Enem Digital recebe milhares de sugestões

A consulta pública sobre o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) Digital recebeu 36.582 sugestões, segundo balanço divulgado na última quarta-feira (18), pelo Ministério da Educação (MEC).

O site recebeu sugestões até a noite do último dia 17 de março. A pasta pretende sistematizar os dados nos próximos dois meses e, posteriomente, apresentar à sociedade os principais pontos.

As sugestões recolhidas deverão subsidiar mudanças no exame. A intenção é tornar a prova digital, como forma de simplificar a logística, e reduzir custos.

A nota do Enem é usada pelos estudantes para ingressar em instituições públicas e privadas de ensino superior, por meio de programas como o Sisu (Sistema de Seleção Unificada), o Prouni (Programa Universidade para Todos) e o Fies (Fundo de Financiamento Estudantil). Mais de 6,2 milhões de candidatos participaram da última edição do exame, em 2014.

Secretaria Nacional De Juventude

domingo, 15 de março de 2015

Há 30 anos: o dia nasceu feliz com fim da ditadura

Naquela segunda-feira, há 30 anos,  a ditadura acabou. Apurados os votos do Colégio Eleitoral, que se reuniu pela última vez no plenário da Câmara dos Deputados, Tancredo Neves, candidato da Aliança Democrática (PMDB/Frente Liberal, composta por dissidentes do PDS) foi eleito presidente para um mandato de seis anos por 480 votos (72,4%) contra 180 (27,3%) dados a Paulo Maluf, do PDS.   Não se tratava apenas da eleição do primeiro presidente civil mas do enterro da ditadura que já durava 21 anos.

Quase todos, inclusive ele, o eleito, desejaram outro enterro para a ditadura mas este foi o final possível. No ano anterior, apesar dos milhões de brasileiros que foram às ruas pedir diretas-já, o regime ainda teve fôlego para impedir a aprovação da emenda Dante de Oliveira. A eleição de Tancredo pelo Colégio Eleitoral tão execrado, com apoio de dissidentes do regime, expressava um pacto com o país. Para compensar a falta de legitimidade da eleição indireta, Tancredo voltou às ruas e às praças em que meses antes soara o grito pelas diretas, agora com a campanha “Muda Brasil”. Ainda que a mudança viesse pior vias tortas. Veio.

No dia seguinte, na primeira edição do Rock In Rio, enrolado na bandeira do Brasil, Cazuza fez um discurso emocionado saudando a democracia, antes de cantar “Para a manhã nascer feliz”.    Estes acontecimentos não foram vividos pela maioria do que neste final de semana foram ou irão às ruas protestar.  Não carregam cicatrizes, não cantaram “Apesar de você” naquele janeiro de 1985. Felizes os filhos da democracia.
O resultado numérico da eleição indireta foi um passeio mas o medo de um retrocesso, de uma reação dos quartéis, persistiu o tempo todo. E se eles resolvessem recrudescer, como dizia o ultimo general presidente, João Figueiredo?

Eleito, Tancredo fez uma longa viagem internacional, encontrando chefes de governo e de Estado, e também o Papa, para apresentar o projeto democrático brasileiro que começava a engatinhar. E de quebra, abrir diálogo sobre a elevada dívida externa do país.  O medo do retrocesso voltou, logo depois, quando ele adoeceu na véspera de assumir a Presidência. A posse do vice José Sarney teve que ser negociada madrugada afora. Negociações que envolveram o chefe da casa civil, o ministro do Exército, o presidente do STF e os dirigentes do Congresso. A longa noite de cristal terminou na Granja do Riacho Fundo, onde morava Leitão de Abreu, o chefe da Casa Civil: Sarney seria empossado.   Figueiredo não gostou, saiu pela porta dos fundos.

Contada hoje, a transição parece um passeio mas foi um banho de sangue. A ditadura mergulhou fundo no autoritarismo em 1968, com o AI-5, que permitia ao presidente cassar mandatos, gerir a censura, fechar o Congresso, suspender o habeas corpus, interferir no Judiciário. Mas não só ficou nisso. A tortura já era praticada mas a partir de então se institucionaliza. Surgem os “porões” oficiais, o DOI-CODI, a Oban, as casas da morte e tudo o mais.

Na passeata dos cem mil, em 1968, uma ala gritava. “O povo, unido, jamais será vencido”. Outros replicavam: “somente a luta armada derruba a ditadura”.  Estes últimos, sem qualquer caminho pela frente, tentaram a resistência armada. Foram dizimados. Na tortura, em confrontos de fato, em confrontos simulados para justificar fuzilamentos e ciladas. Outros foram “suicidados”, alguns sumiram sem deixar vestígios. O mesmo aconteceu lá no Araguaia, com os guerrilheiros do PC do B.

Depois da longa escuridão, depois de silenciados os movimentos sindical e estudantil, de amordaçado o Congresso e amedrontada a sociedade civil, o povo brasileiro começou a se unir nas lutas democráticas pela anistia, pelas diretas e pela Constituinte.         No Congresso, que a ditadura fechou três vezes, a resistência parlamentar também não pode ser esquecida. Neste Congresso, hoje espezinhado, alguns foram vassalos da ditadura mas muitos pagaram com a perda do mandato por combater e denunciar os crimes do regime. A ditadura cassou 173 deputados e oito senadores.   Ulysses Guimarães expôs-se numa anticandidata contra Geisel na eleição indireta de 1974, sabendo que as cartas estavam marcadas. Mas com este pretexto, ele e seu companheiro de chapa, Barbosa Lima Sobrinho, correram o Brasil pregando a volta do Estado de Direito.  Esta campanha ajudou a acordou o gigante adormecido pela censura e a repressão. Meses depois, na eleição para o Congresso, o PMDB impôs uma severa derrota ao regime, elegendo a maioria dos senadores e quase dobrando sua bancada na Câmara.

A partir de então a oposição foi acumulando forças até o 15 de janeiro de 1985 em que Tancredo foi eleito. Com ele morto, Sarney honorou os compromissos da Aliança Democrática, com um olho nos quarteis e outro no Congresso. Começou a remover o entulho autoritário e convocou a Constituinte, que em dois anos de intensa participação popular no processo, passou o Brasil a limpo, escrevendo a Carta que é a base da democracia que temos hoje.

Por ter sido longa e pedregosa a estrada, por tantos que tombaram no caminho, pelas feridas e pelas cicatrizes deixadas pela luta, os verdadeiros democratas não podem compactuar com qualquer aventura que atente contra o Estado Democrático de Direito, esta expressão que nos soava tão bonita e tão distante naquele tempo. Pensem nisso os que execram a política, os que apedrejam a representação popular, os que falam em impeachment como expediente banal para depor presidentes.  A Constituição que nos tem dado tão longo período democrático, o mais longo de nossa história, pensou neste remédio amargo para situações extremas, mas definiu-as com absoluta clareza.
 
Pensem nisso os filhos da democracia que estarão nas ruas hoje

Fonte Brasil 247

COLETIVO DE JOVENS PARABENIZA QUIJINGUE PELOS SEUS 53 ANOS DE EMANCIPAÇÃO POLÍTICA

Nós do Coletivo Municipal de Quijingue, parabenizamos essa cidade tão querida por completar mais um aniversário e gostaríamos de parabenizar todos os Quijinguenses. Gente que, com seu trabalho diário, edifica a bravura da cidade. Muitos aqui nasceram outros aqui chegaram, e constituíram família. Por isso, não medem esforços quando se fala em solidariedade, em busca da qualidade de vida e do bem-estar comum. Orgulhosamente nos inseridos no rol daqueles que saúdam a cidade pelos seus 53 anos de Emancipação Política. Dia 15 de março é uma data marcada pelas mãos do tempo que virou cinquenta e três páginas no calendário da história, data que trouxe a liberdade política dessa terra querida e hospitaleira. Hoje o tempo nos convida para reviver cada momento e relembrar os fatos mais importantes desta terra.

sábado, 14 de março de 2015

COLETIVO MUNICIPAL DE QUIJINGUE REALIZA A ASSEMBLEIA DE 2015

Coletivo Municipal de Quijingue realizou na manhã deste sábado (14), na escola Tancredo Neves, Distrito de Algodões, a Assembleia Geral de planejamento para execução dos trabalhos e ações do próximo biênio. A assembleia contou com a presença de 23 jovens de Algodões, Sede, Baixa da Luva,Terra Branca e Tanque do Rumo.



 Na reunião, foram levantados pontos positivos e negativos das ações de 2014. As atividades foram realizadas e divididas em grupos e em salas diferentes e, depois partilhadas na plenária, com representantes de cada grupo. Ficou decido também, a realização de uma outra reunião para conclusão dos trabalhos de planejamento, a mesma acontecerá no dia 25 de abril de 2015, na comunidade de Maceté.

O Coletivo de Jovens mostra mais uma vez o seu poder de mobilização e organização, comprometido com ações no âmbito da formação social e política, traçando novos caminhas para a juventude Quijinguense.




quarta-feira, 4 de março de 2015

Madrugada mais longa da República faz 30 anos

Foi uma cerimônia rápida e sem discurso. Na manhã de 15 de março de 1985, sexta-feira, o Congresso Nacional deu posse a José Sarney. O novo vice-presidente, logo em seguida, dirigiu-se ao Palácio do Planalto. Lá, no papel de presidente interino, fez um pronunciamento quase lacônico aos novos ministros.
— Eu estou com os olhos de ontem — abriu o discurso, referindo-se à madrugada que ele, angustiado, passara em claro.
Não só ele. O Brasil todo estava atônito. Na noite anterior, a 12 horas da posse, Tancredo Neves, o presidente eleito, era levado às pressas ao Hospital de Base, em Brasília, para ser submetido a uma cirurgia no abdome.
A posse era aguardada com ansiedade porque marcaria a volta do país às liberdades democráticas, após 21 anos sob o tacão da ditadura. Entretanto, temia-se que os militares usassem a ausência de Tancredo como pretexto para impedir a posse do vice e dar um novo golpe.
A madrugada mais longa da República completará 30 anos daqui a duas semanas.
O Arquivo do Senado guarda os discursos feitos pelos senadores, da tribuna, naquele momento histórico. Os documentos mostram que, a caminho do 15 de março, o país estava eufórico. A expressão “Nova República” era repetida à exaustão. Ninguém antecipava o sobressalto que se avizinhava.
Na véspera da posse, o senador José Sarney (PFL-MA) se despedia dos colegas no Plenário:
— Saio do Senado no alvorecer de um momento extraordinário de floração de grandes esperanças no país. Tenho a nítida visão histórica e política da missão que exercerei. Posso dizer ao Senado que exercerei a Vice-Presidência com absoluta doação, total sacrifício e uma visão maior das minhas responsabilidades de político, num momento de restauração do poder civil.
Pedro Simon (PMDB-RS) também deixava o Senado. Ele se licenciava para ocupar o Ministério da Agricultura:
— Parece-nos importante a data que viveremos amanhã. Uma data que, após 21 anos, marca uma mudança importante no cenário político desta nação. A candidatura do senhor Tancredo Neves nasceu do debate e da vontade popular, percorrendo as ruas e praças deste país, na campanha pelas eleições diretas, que infelizmente não foram aprovadas pelo Congresso. A sociedade teve ampla presença na elaboração de um programa de transição que significa uma nova página na história deste país.
Simon se referia à campanha das Diretas Já, iniciada em 1983. Mobilizações pelo país pressionavam o Congresso a aprovar a Emenda Dante de Oliveira, que previa a eleição direta para presidente. Tancredo foi um dos políticos mais aguerridos do movimento. Em 1984, porém, a emenda foi rejeitada.

Reunião de cúpula

As esperanças, então, foram todas depositadas na eleição indireta de 1985. Mais especificamente, na candidatura opositora ao governo militar. Em 15 de janeiro, o Colégio Eleitoral (formado pelos senadores e deputados, além de delegados das assembleias legislativas dos estados) elegeu Tancredo, com 480 votos. A vitória foi esmagadora. Paulo Maluf, o candidato governista, obteve 180 votos.
Ainda na véspera da posse, o senador Martins Filho (PMDB-RN) subiu à tribuna para também explicar a relação entre as Diretas Já e a ascensão de Tancredo:
— O presidente Tancredo Neves não é do meu partido, nem do PFL, nem da Aliança Democrática. É, antes de tudo, o presidente feito pelo povo. O povo que saiu às ruas, aos milhões, num clamor por eleições diretas. O povo que, traído por representantes que não ouviram seu apelo tão enfático, agarrou-se a Tancredo como que a uma bandeira. Assim Tancredo se fez presidente de cada brasileiro, muito antes que o Colégio Eleitoral cumprisse a formalidade legal de elegê-lo. Bem-vindo, presidente!

Bem-vinda, Nova República!

A hospitalização, às 22h do dia 14, impossibilitava a presença de Tancredo na posse, às 10h do dia 15. Brasília assistiu a várias reuniões políticas pela madrugada adentro. Não estava claro se o vice poderia assumir o poder sem o titular já estar empossado.
Entre os documentos guardados no Arquivo do Senado está a ata de uma reunião, realizada antes de amanhecer, da cúpula do Poder Legislativo  — os presidentes do Senado, José Fragelli (PMDB-MS), e da Câmara, Ulysses Guimarães (PMDB-SP), e os líderes partidários das duas Casas. Eles decidiram o futuro.
“Ouvidos todos os presentes, houve inteira concordância no sentido de, mediante a apresentação de laudo médico que comprove a impossibilidade de o presidente eleito ser empossado nessa solenidade, a Mesa do Senado deverá dar posse ao vice-presidente eleito”, diz a ata.
Informado da decisão por telefone, Sarney não conseguiu dormir. Às 10h, ele chegava ao Congresso para prestar juramento como vice-presidente e assumir interinamente a Presidência.
Outro documento histórico do Arquivo do Senado é o livro que contém os termos de posse de todos os presidentes do Brasil, desde o marechal Deodoro da Fonseca. Como são redigidos por calígrafos, eles precisam ser preparados com antecedência. O livro, por isso, traz o termo que Tancredo não conseguiu assinar. A folha teve que ser anulada. Sobre o texto, com caneta vermelha, anotou-se “sem efeito” em letras garrafais. Um novo termo de posse precisou ser escrito às pressas, em nome do vice-presidente.
Sarney encontrou o Planalto vazio. O presidente João Figueiredo se recusara a passar a faixa presidencial para o vice. Eles eram inimigos desde que Sarney deixara a presidência do partido governista, o PDS, e se juntara à oposição, levando consigo correligionários insatisfeitos com o governo militar. Figueiredo saiu do Planalto pela porta dos fundos assim que a sessão no Congresso  Nacional terminou.

Primeiras medidas

No dia 18, o senador Carlos Alberto (PDS-RN) subiu à tribuna para defender o último presidente militar:
— Na quinta-feira à noite, eu telefonava para o presidente Figueiredo para falar acerca da situação no país quando Tancredo Neves era hospitalizado e eu via José Sarney sair às pressas do bloco onde residimos. Perguntei qual era a posição de Sua Excelência, e a resposta foi aquela que eu esperava: “Carlos Alberto, a Constituição será respeitada. Eu jurei fazer deste país uma nação democrática no dia em que assumi a Presidência”. Temos que fazer justiça àquele que deu todas as condições para que Tancredo pudesse ser o presidente eleito.
Os dias seguintes se seguiram com relativa tranquilidade. Segundo os médicos, a cirurgia havia corrido bem. Acreditava-se que Tancredo logo teria alta.
Na tribuna, o senador Humberto Lucena (PMDB-PB) fez um relato da primeira reunião ministerial, ocorrida no dia 17, domingo. Nela, Sarney havia anunciado, por exemplo, um corte de 10% do Orçamento fiscal e a proibição de contratação de novos funcionários públicos.
— São essas as primeiras mudanças da Nova República. São firmes e vigorosas como pretendia o presidente Tancredo Neves e como as vem conduzindo o vice-presidente José Sarney, embora ainda não tenham o colorido que só a presença daquele que foi escolhido pelo Colégio Eleitoral, com o respaldo total da sociedade brasileira, poderia lhe dar. Mas esperamos em Deus que isso possa ocorrer dentro de poucos dias — disse Lucena.
Na avaliação do senador Carlos Chiarelli (PFL-RS), Sarney vinha governando “com discrição, probidade, competência, admiração e respeito”. O senador Moacyr Duarte (PDS-RS), que apoiava o regime militar, discordou:
— O presidente José Sarney não pode e não deve, por maior fidelidade e devotamento que guarde ao titular do cargo, condicionar a saúde da nação à saúde do seu primeiro magistrado. O governo precisa deslanchar, governar a pleno vapor, e não apenas em câmera lenta, esperando pelo imprevisível.
Ao invés de melhorar, Tancredo piorou. A situação ficou tão grave que os médicos decidiram transferi-lo para o Instituto do Coração, em São Paulo. O diagnóstico começara com apendicite, fora mudado para diverticulite e no final acabara sendo fechado em tumor benigno no intestino. Ao todo, Tancredo passou por sete cirurgias. Até a oposição ficou sensibilizada.
— A prolongada e comovedora agonia do presidente vem provocando em toda a nação impressionantes demonstrações de solidariedade, evidenciando a realidade de um povo traumatizado e perplexo diante de uma tragédia sem paralelo nos anais da história do Brasil — discursou o senador Lourival Baptista (PDS-SE) em 17 de abril.
Tancredo Neves morreria pouco depois, de falência de múltiplos órgãos, no dia 21, domingo, feriado de Tiradentes. Milhões de brasileiros, emocionados, acompanharam os cortejos fúnebres em São Paulo, Brasília, Belo Horizonte e São João del Rei (MG), sua cidade natal, onde foi enterrado.

Espiões

Segundo o jornalista José Augusto Ribeiro, que foi assessor de imprensa de Tancredo na época do Colégio Eleitoral, ele sabia desde a virada de 1984 para 1985 que algo não ia bem em seu abdome. Entretanto, recusava-se a consultar-se com um médico porque sabia que os espiões do Serviço Nacional de Informações (SNI) seguiam seus passos. Com a informação de alguma doença, a ditadura poderia “virar a mesa” e cancelar o Colégio Eleitoral.
Tancredo buscou ajuda médica apenas em 11 de março, quando as dores já beiravam o insuportável. A operação deveria ser imediata. Ele rechaçou a ideia. Disse que só iria para o hospital depois da posse. Na noite do dia 14, porém, não havia mais como adiar. Tancredo morreria se deixasse a cirurgia para o dia seguinte. Para convencê-lo, seu sobrinho Francisco Dornelles blefou dizendo que Figueiredo havia aceitado a posse de Sarney.
— Tancredo foi um político raro. Ele achava que tinha o dever de sacrificar a própria vida se isso fosse necessário para garantir a transição democrática do Brasil. Foi o que ele fez — afirma Ribeiro, que lançará nos próximos dias a biografia Tancredo Neves: a noite do destino (editora Civilização Brasileira).
O temor de Tancredo era justificável. No livro, o jornalista conta que Figueiredo, ao saber da internação, propôs ao ministro do Exército, general Walter Pires, que acionasse os militares para impedir a posse de Sarney. A ideia só não foi executada porque Pires não tinha mais poder. A exoneração dos ministros já havia sido publicada. Figueiredo teve que se resignar.
O jornalista Antônio Britto seria o secretário de Imprensa do governo Tancredo e acabou sendo o porta-voz das informações médicas — foi ele quem comunicou ao Brasil a morte do presidente, num anúncio transmitido ao vivo pela TV e pela rádio. Britto afirma que o “sacrifício pessoal” de Tancredo é comparável ao de Getúlio Vargas, que em 1954 se suicidou para impedir que os militares dessem um golpe de Estado. Ele diz:
— Trinta anos atrás, as ruas do país foram ocupadas por milhões que choravam por um político. Não se imagina algo parecido ocorrendo hoje. A população nutre uma perigosa rejeição à política. Precisamos refletir sobre o que aconteceu com a política e os políticos no Brasil.

Sarney: Tancredo ainda não recebe do país o devido reconhecimento

José Sarney passou 37 dias como presidente interino. Com a morte de Tancredo Neves, assumiu definitivamente a Presidência da República e consolidou a redemocratização. A seguir, trechos da entrevista concedida ao Jornal do Senado:
“Eu não consegui dormir na virada de 14 para 15 de março. Passei a madrugada acordado porque estava profundamente preocupado e angustiado, acompanhando os acontecimentos da doença do Tancredo. A minha preocupação não era tanto política. Era mais humana, porque eu era amigo do Tancredo. Ainda no hospital, começou-se a dizer que eu teria que assumir como vice-presidente. O Ulysses [Guimarães, presidente da Câmara] me disse: ‘Lutamos muito para chegar até aqui. Não podemos parar agora. O Brasil precisa dessa atitude’. Eu respondi: ‘Só assumo com Tancredo’. Eu tinha a absoluta certeza de que o Tancredo estaria em condições de assumir dentro de uma semana, já que seria uma operação relativamente simples. Ninguém imaginava o desfecho daquela hospitalização. Fui para a minha casa. Às 3h da manhã, recebi um telefonema do [José] Fragelli, que era o presidente do Congresso: ‘Sarney, já está resolvido. Você vai assumir como vice-presidente logo mais, às 10h. Nós vamos lhe dar posse’. Havia a informação de que a área militar que apoiava o [presidente João] Figueiredo e o [ministro do Exército] Walter Pires pretendia fazer um levante nos quartéis para eu não assumir e não haver a transição democrática. Foram momentos dramáticos. Quando o Fragelli me disse tudo aquilo, minha ficha caiu. Foi então que eu senti que a minha responsabilidade era imensa, que o futuro do país dependia da posse. Havia uma ala militar que estava do nosso lado, comandada pelo Leônidas Pires Gonçalves, o ministro do Exército escolhido por Tancredo. Alguns minutos depois, por volta das 3h30, foi o Leônidas que me ligou: ‘Sarney, você tem que prestar o compromisso às 10h. Não crie nenhuma dificuldade para nós. Todos nós estamos depositando extrema confiança em você’. Antes de desligar o telefone, ele se despediu: ‘Boa noite, presidente’. Aquela frase me marcou. Na hora marcada, eu estava no Congresso.
Na minha opinião, o Tancredo ainda não ocupa o lugar que ele merece na história do Brasil. Falta da sociedade o reconhecimento necessário. Foi ele quem garantiu a transição democrática. Graças a ele, com seu temperamento e sua experiência, a transição foi feita sem traumas, ao contrário do que ocorreu em outros países da América Latina, onde a transição se deu com guerra, violência, derramamento de sangue. O [jurista e político] Afonso Arinos tem uma frase que resume muito bem: ‘Muitos deram a vida pelo Brasil. O Tancredo deu a sua morte’. Nós sempre seremos devedores do Tancredo.
Foi um tempo muito difícil, mas terminou bem porque conseguimos garantir a redemocratização do país. Como presidente da República, convoquei a Assembleia Nacional Constituinte, que nos deu a Constituição que temos até hoje. Graças a ela, vivemos numa democracia social. A cidadania se consagrou. Antes, o governo só tinha preocupação econômica. Naquele momento, o social entrou na pauta. Para dar apenas um exemplo, a saúde, que era um privilégio daqueles que tinham carteira assinada, passou a ser um direito de todos os brasileiros. Figueiredo não quis me passar a faixa. O meu sucessor [Fernando Collor] era meu adversário político, e eu lhe entreguei a faixa presidencial. Naquele momento [nas eleições de 1989], a República comemorava 100 anos. Só pudemos comemorar de verdade porque já vivíamos numa democracia plena.”

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

domingo, 1 de março de 2015

COLETIVO MUNICIPAL DE QUIJINGUE REALIZARÁ ASSEMBLEIA GERAL NO POV. DE CAJUEIRO-TUCANO-BA

Coletivo Municipal de Quijingue realizará no próximo dia 14 de Março de 2015, a Assembleia Geral   para discutir os novos rumos da instituição e a escolha da nova Coordenação Geral para os trabalhos do próximo biênio.

O Coletivo abordará em 2015 assuntos pertinentes na atualidade como a Reforma Política, Pois entendemos como algo primordial para os rumos da política Brasileira, onde há um descrédito muito grande por parte da sociedade do País tupiniquim para com os que exercem o papel de representantes do povo no Congresso Nacional.

Temos base na Sede do município, no Distrito de Algodões e em Maceté.


Venha fazer parte do Coletivo Municipal de Jovens você também!


Votação da reforma política deve começar esta semana no Senado

                                                                            

O Senado começará a votar propostas de mudanças no sistema político a partir desta semana. O presidente do Senado, Renan Calheiros, adiantou na quarta-feira passada (24), alguns pontos que serão colocados imediatamente em votação, como a desincompatibilização dos cargos do Executivo para se candidatarem à reeleição e o fim do voto proporcional para vereadores e deputados em cidades com mais de 200 mil habitantes.

A decisão foi tomada durante reunião de líderes e anunciada pelo presidente do Senado, Renan Calheiros, um dia após a Casa promover uma sessão temática sobre a reforma política.
— Nós acertamos que vamos votar nas próxima semana a reforma política. Eu vou receber as indicações dos partidos, mas desde logo nós vamos votar a desincompatibilização de cargos do executivo para disputar reeleição. É uma medida importante, profilática. Nós vamos votar o fim das coligações proporcionais. E nós vamos apreciar rapidamente o voto majoritário nas eleições municipais nos municípios acima de 200 mil habitantes — listou.

O presidente do Senado observou que não há consenso sobre os temas, mas enfatizou que é importante dar o primeiro passo e iniciar as votações das propostas.
— Quando não há consenso, o Parlamento delibera, vota. Se nós não reformarmos a política, nós seremos todos reformados — disse Renan Calheiros.

Ele lembrou que o Senado aprovou há mais de uma década uma reforma política profunda que, incluía desde voto facultativo até definições claras sobre financiamento de campanhas, mas que "a proposta não andou na Câmara".

Fonte Agência Senado